«Dirijo-me só àquelas pessoas capazes de me ouvirem» Estas foram as palavras do Marquês de Sade e, para qualquer indivíduo que esteja minimamente familiarizado com a sua obra literária, é fácil compreender a sua razão de ser. Os 120 Dias de Sodoma, também conhecido como Escola de Libertinismo, é uma obra que não foge ao padrão controverso e chocante deste autor. Escrito durante um período de cárcere do marquês em 1785, num período de 37 dias num rolo de pergaminho contínuo, tendo sido perdido durante a revolução francesa e apenas publicado durante o século XX. Este extenso quadro de devassidão retrata a ambição de quatro ricos e poderosos libertinos de experimentarem a derradeira satisfação sexual através de uma sequência de orgias realizadas num castelo isolado durante quatro meses. Durante este período eles dispõem de um harém de quarenta e seis vítimas para torturar a seu belo prazer, inspirando as suas fantasias nas histórias de vida de quatro prostitutas contratadas especificamente para serem historiadora e inspirarem as suas fantasias depravadas. Através de uma escrita profundamente descritiva Sade retrata os acontecimentos neste castelo, escalando as orgias e torturas até ao ponto do criminoso massacre da grande parte das vítimas. A descrição detalhada destes episódios é o que torna a escrita do autor, potencialmente cansativa para alguns leitores mas ao mesmo tempo terrivelmente cativante para outros. A presença de elementos chocantes, repugnantes e revoltantes são o que torna esta obra fascinante ao longo de tantos séculos, tendo resistido às provações do tempo e tendo encontrado lugar no mundo editorial para além de todas as censuras que a escrita de Sade encontrou ao longo dos séculos. |